quinta-feira, dezembro 25


Entrava dezembro com seus blim-blons, quando tive a reluzente idéia de comprar um presépio. Bebel, minha filha de dois anos, adorou a idéia, mesmo sem saber do que se tratava.
Ajoelhada no chão a minha frente, seus olhinhos brilhavam mais do que bola de Natal ao me ver tirar de dentro da caixa, embrulhadas em jornal, umas bonecas esquisitas que ela nunca tinha visto. Nem mágico tirando coelho da cartola conseguiria platéia mais atenta.
Didaticamente, apresentei os personagens, salientando as passagens mais interessantes da vida de cada um. Muito me valeram as aulas de catecismo nesta hora. A gruta, o porquê da gruta, a manjedoura, Nazaré, Belém, Israel.
Quando falei de Herodes, Bebel me mostrou o bracinho todo arrepiado.
Terminei a exposição na origem do Universo:
- Então Deus fez o mundo e o fez em seis dias. No sétimo descansou.
Bebel fazia cara de quem estava aproveitando muito a lição, mas eu podia ver planos mirabolantes sendo arquitetados por trás daquela carinha de aluna fingidamente atenta.
Montado o presépio, deitei um falatório sobre o inenarrável prazer de se olhar um presépio sem tocá-lo. Fiz o melhor que pude e saí da sala, provando que eu confiava absolutamente no meu poder de convencimento.
Aí, com quase um mês de antecedência, começou o Natal da Bebel.
Uma hora era são José que estava com sede e lá vinha ela encher a mamadeira pro santo; outra hora era o boi que estava com fome e ela abria a geladeira em busca de alface pra lhe servir de pasto; outra era o Menino que havia feito xixi. Na troca da fralda, Bebel espalhava tanto talco pela sala que alguém que entrasse de repente pensaria que havia nevado na Belém improvisada.
Nossa Senhora foi posta de lado da brincadeira. Pra ser exata, foi propositadamente esquecida embaixo do sofá. Mãe é mãe, assim na terra como no céu.
- Longe delas brincaremos mais à vontade - cochichou Bebel no ouvido do Menino, que concordou plenamente.
E era um tal de chacoalhar Jesus no colo de deixar qualquer um zonzo.
- Ele está com dor de barriga - explicava a mãe em miniatura.
O burro não queria comer e por isso acabou levando um peteleco que fez com que sua orelha voasse longe. Irritada, Bebel afundou a cara do bicho num pote de iogurte e não o deixou sair enquanto ele não papou tudo.
O chifre do boi, encontrei dias depois na gaveta dos talheres.
Um dos reis magos, Baltazar, salvo engano, foi acidentalmente decepado. Bebel queria sua companhia no banho e o barro de que era feito (aliás, como todos nós) não resistiu à primeira ensaboada.
Se eu quisesse salvar alguma peça do presépio para o próximo ano teria de guardá-lo imediatamente, ou não sobraria ninguém pra contar a história. Belém estava aos poucos sendo destruída por um furacão. Seria Bebel a oitava praga do Egito? Aquela que não deixaria pedra sobre pedra?
Eu ia recolhendo as figuras dentro da caixa, embrulhando-as de novo no jornal amassado, quando senti um puxãozinho de leve na manga do meu vestido. Era o menino Jesus com uma lágrima pendurada, pedindo pra se despedir da Bebel. Ela estava dormindo. Eu fui sórdida o suficiente pra fazer o que tinha que ser feito enquanto ela estava dormindo.
Peguei Jesusinho no colo e coloquei-o ao lado da minha filha, com a cabeça no mesmo travesseiro. Tive vergonha de mim. Lugar de Deus é braço gordinho de menina e não o gesso frio daquela manjedoura horrorosa pintada de verde. Nunca mais os separei. Que brincassem a vida inteira.
De lá pra cá, vivo tropeçando em mantos, coroas, carneiros, pastores que vagueiam livremente pela casa. Ainda hoje topei com são José de nariz quebrado embaixo da mesa da cozinha. Desconfiei que ele estava com fome e ofereci-lhe um cafezinho. O santo aceitou de bom grado.
Sentado na banqueta ao meu lado, ele mexeu o café com aquele jeitão dele e comentou como quem puxa prosa:
- Essas crianças são tristes...

Natal de 1980

Thiago amplificou pensamentos às 11:00.
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Mais uma edição da tradicional festa de natal da familia Morelli - e, mais uma vez, eu fico aqui com meu inseparável companheiro Professor enquanto todos trocam presentes não-sinceros na sala. E as vezes isso faz a gente pensar em certas coisas - mas isso é história pra outra hora, em outro blog.

Pelas risadas que já compartilhamos no Sun City, pelas intermináveis noites no lab e as intermináveis tardes na sala da republica - que ficava nos fundos da casa da Dona Paula, mãe da Dona Abóbora - pelos fantásticos encontros e pelos infinitos desencontros - uma boa sorte a todos nesse natal. Pois, como eu disse para o Alex, desejar feliz natal é perder tempo - ao menos para nós, grinches.

Leonardo amplificou pensamentos às 00:19.
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quarta-feira, dezembro 24


Esse ano, só enviei DOIS cartões de Natal, DOIS, DOIS!, um era pra uma mulher, o outro pra um homem, um era pra alguém que eu conheço de pertinho e de longe, o outro pra alguém que eu nunca vi de perto, um era pra uma pessoa loira, o outro pra uma pessoa de cabelos muito escuros.
Queria ter enviado também pra cada um de vocês, mas o tempo é o meu maior inimigo e dele eu nunca vou ganhar. Como diz a Fernanda Takai: "As brigas que ganhei / nem um troféu / como lembrança / pra casa eu levei. / As brigas que perdi / estas sim / eu nunca esqueci / eu nunca esqueciiiiiiiii".
Então espero que esse Natal seja pra comemorar os poucos (ou nenhum) troféus que não levaram pra casa e que 2004 seja bom o suficiente pra gente não ter de lembrar de nenhuma briga que perdeu.
Muita PAZ pra vocês. Eu AMO todos vocês.

Tati

Tati amplificou pensamentos às 14:41.
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terça-feira, dezembro 23


Já que ninguém se manifestou até agora....

Feliz Natal!!!

Ace amplificou pensamentos às 15:37.
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quarta-feira, dezembro 17


Esbarrei no Slashdot com este post no EvilBastard.com: What NOT to do during "Return of the King."
hehehe... muito bom, muito bom.

Ace amplificou pensamentos às 08:34.
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terça-feira, dezembro 16


Oi pessoal,

Demorou mas eu fiz o sorteio. Por favor confirmem o recebimento dos dois e-mails. Vcs devem ter recebi do um e-mail do Amigo Secreto e outro do Inimigo.
O amigo o valor é RS 20,00 ou acima e o Inimigo é de R$ 1,99.

Qualquer dúvida me mandem um e-mail.

Sam amplificou pensamentos às 12:28.
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terça-feira, dezembro 9


É fofo.



Difícil é escolher o melhor casal:
- Rodrigo Santoro + "a moça loira, par do Rodrigo Santoro"
- o menininho + a menininha da escola <== acho que eu voto nesse
- Hugh Grant + "a empregada do Hugh Grant"
- o cinegrafista + "a pessoa que o cinegrafista amava"
- Mr. Bean + embrulho de natal

P.S. 1: Como vocês podem ver, não sou muito boa com nomes de personagens, muito menos com nomes de atrizes.
P.S. 2: Melhor filme do ano, pronto, ponto. Pedras para /dev/null.

Tati amplificou pensamentos às 01:57.
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segunda-feira, dezembro 1


Creio que antes dessa linha o Alex já não esteja mais lendo, mas esse post é em sua homenagem amigo. Estava relendo o TDC e vi este singelo poeminha em homenagem à flor de tão belo nome.

Sobre uma folha de nenúfar;
uma gota inquieta tem rolado.

Talvez te rolasse na pele nua;
bem sobre o ventre aveludado,
como cristal puro de açúcar,
sobre um pedaço de fruta crua.

E, no caminho da gota d’água,
rola a torrente que deságua,
na explosão de meus desejos,
que, não encontrando ensejos;
fez nascer-me tais fantasias...

Bem sei que tu sonhas comigo,
assim como eu sonho contigo...

No decorrer de meus mil dias
muitas gotas e muitas folhas,
e nas escumas que a vida traz,
milhares de coloridas bolhas,
rolando ar e violando o chão,
ansiosos suspiros do coração,
acreditando que um dia virás.

Vem...serei pingo no nenúfar,
escorrendo por tua pele nua;
o teu puro cristal de açúcar,
sobre o pedaço de fruta crua.

Quando fizeres a descoberta,
do quanto precisas ser amada,
quando a porta estiver aberta,
misturando teu tudo e teu nada,
do nada e tudo que nem notaste;
esse meu amor tão ansioso e mudo;
pode ser que descubras que o tudo,
é muito mais do que tu pensaste...

-- José Carlos Rodrigues


Thiago amplificou pensamentos às 21:05.
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